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AVALIAÇÃO FÍSICA DE COMPONENTES (A 14ª de 30 importantes etapas) Perante o componente e o resultado da Inspecção Não Destrutiva o avaliador decide qual o estado de uso aeronáutico a atribuír |
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Quando
qualquer componente é removido e destacado dum motor, dum módulo, dum acessório
ou duma subparte tem obrigatoriamente que ser etiquetado (ou referenciado por
outro meio expedito que permita rastrear a sua origem e condição, de forma
inequívoca).
Para
além da informação relativa à identidade e origem do componente (Números de
Catálogo, de Série, de Código de Fabricante, do Número de Série do conjunto
superior a que pertence) contida na etiqueta ou elemento identificador do
componente, a sua condição de utilização para fins aeronáuticos é
imprescindível, sob pena do componente não poder ser utilizado e tornar-se uma
peça inútil e de sucata.
A
partir do momento em que um componente (ou um conjunto) é removido e destacado
de qualquer outro conjunto superior onde estava instalado e passa a ser
movimentado isoladamente, é fundamental conhecer-se a sua origem e identidade,
mas, é imprescindível conhecer-se a sua condição de uso. A partir do acto da
sua remoção e até prova em contrário, o componente presume-se apto para o
serviço e é considerado em estado "utilizável" (em inglês
"serviceable"), como vinha sendo até esse momento. Contudo,
dependendo dos princípios de qualidade instituídos por alguns reparadores, há
quem considere os componentes nessa situação em estado reparável.
Após
o primeiro acto de inspecção a que o componente é sujeito, a sua condição
poderá manter-se (se essa inspecção for suficiente para o avaliar), ou
alterar-se para o estado de "não utilizável" (em inglês
"unserviceable"). Esta designação é complementar à de "utilizável",
pelo que outra situação não é possível. Todavia, a condição de "não
utilizável" contempla várias situações distintas que carecem de maior
pormenorização.
Assim,
a condição de "não utilizável" pode subdividir-se noutras que
caracterizam melhor a sua condição e que são: estado "reparável"
(em inglês "repairable") a que corresponde uma necessidade de
intervenção no componente (para reparação ou modificação) antes que este
possa ser instalado num conjunto superior de que faz parte; e o estado de
"incapaz" (em inglês "scrapped") a que corresponde a situação
de impossibilidade de utilização daquele componente por não conformidade com
os critérios de aceitação definidos pelo fabricante ou autoridade aeronáutica
jurisdicional, ou ainda, por não existir um processo tecnológico ou técnica
de reparação suficientemente desenvolvida e considerada segura, para
reabilitar o componente. O estado de "incapaz" é também designado
por alguns reparadores de "rejeitado" (em inglês
"rejected").
Os
componentes considerados em estado "incapaz" devem ser identificados,
para além da respectiva etiqueta, com marcas bem visíveis (é usual a sua
marcação com tinta vermelha) a fim de se evitar qualquer equívoco e minimizar
as possibilidades de utilização indevida.
Embora
não exista qualquer obrigatoriedade nesse sentido, muitas entidades mutilam
e/ou inutilizam irreversivelmente os componentes considerados em estado
"incapaz" por forma a impossibilitarem irremediavelmente o seu uso
posterior, sendo, de seguida vendidos como sucata para fundições, depois de
separados por diferentes materiais. As autoridades aeronáuticas apreciam esta
política de inutilização dos componentes considerados em estado
"incapaz" uma vez que se reduz a probabilidade de reintrodução de
tais componentes no mercado ou nos circuitos de distribuição de peças,
todavia é onerosa uma vez que hipoteca recursos para a sua prossecução cujos
benefícios não são directos para o reparador (embora vantajosos para toda a
comunidade).
Algumas
entidades, no entanto, conservam alguns dos componentes considerados em estado
"incapaz", mediante critérios de sensibilidade, baseados no custo dum
componente equivalente novo, no prazo de entrega praticado pelos fabricantes e
no grau de importância que o componente desempenha no conjunto em que está
inserido. Posteriormente, através de processos criteriosos e homologados pelas
autoridades aeronáuticas, desenvolvem técnicas de reabilitação do
componente, muitas vezes mercê de novos desenvolvimentos das tecnologias e do
resultado de práticas de investigação e desenvolvimento, possibilitando a
reclassificação dum componente "incapaz" em "reparável" e
posteriormente em "utilizável".
A
utilização indevida de componentes aeronáuticos ou a falsificação de
documentação relativa a componentes considerados em condição "não
utilizável" ou de origem duvidosa (porque não rastreável e designados na
linguagem anglo-saxónica por "bogus parts") é da responsabilidade
individual dos técnicos que os manuseiam e é punida por lei. Qualquer acidente
que envolva pessoas e bens que se prove ter tido origem na incorporação
indevida de componentes ou que tenha havido falsificação de documentos
relativos a esses componentes, é considerado crime por negligência ou outro
tipo de caracterização caso se comprovem outras intenções.
Após a realização de cada um dos END é produzido um relatório circunstanciado que passa a acompanhar o componente até à fase seguinte de avaliação física e perante os quais os peritos deste departamento atribuem a condição de utilização do componente.