Se pretende saber mais sobre os ensaios não destrutivos utilizados na manutenção de motores aeronáuticos, leia esta página.
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Os Ensaios Não Destrutivos permitem prevenir a ocorrência de falhas, poupando vidas humanas e gastos adicionais. |
A utilização de Ensaios Não Destrutivos pode fazer-se localmente junto às aeronaves normalmente parqueadas. | |
Para além das técnicas empregues o mais importante é a experiência e competência dos inspectores e intérpretes dos resultados obtidos. |
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Os
Ensaios Não Destrutivos constituem experiências ou medições a que se
submetem componentes ou, mais propriamente, as superfícies dos componentes para
detecção de anomalias que segundo determinados critérios se consideram
inaceitáveis. Por não afectar o normal funcionamento das peças nem as
danificar, este tipo de ensaios considera-se não destrutivo. Esse é o motivo
principal pelo qual são usados em manutenção para despistar defeitos.
Existem
Ensaios Não Destrutivos (vulgarmente designados por END ou na linguagem
anglo-saxónica designados por NDT - "Non Destructive Testing")
especialmente indicados para detectar defeitos na superfície das peças e
outros END especialmente indicados para identificação de defeitos nas zonas
subsuperficiais ou no interior das peças.
Todas
as superfícies e interiores dos componentes contêm anomalias resultantes de má
formação das estruturas cristalinas aquando da solidificação das ligas de
que são constituídas. Por este motivo, nem todas as anomalias devem ser
consideradas defeitos graves.
Para
separar os defeitos das anomalias estabelecem-se critérios e definem-se
diferentes graus de sensibilidade de detecção para cada um dos métodos de
END. A sensibilidade de um método de END reflecte a maior ou menor precisão
com que esse método revela uma anomalia ou a sua extensão.
Um
outro aspecto que é determinante para o julgamento das anomalias identificadas
é o conhecimento mais profundo que alguns profissionais detêm e que lhes
permite distinguir entre anomalias inócuas e anomalias que representam defeitos
e que, por isso, carecem de acções de reparação (caso seja possível). O
conhecimento e experiência que esses profissionais reúnem, permitem-lhes serem
estatuídos de níveis crescentes de competência para proferirem uma decisão
ou emitirem um parecer perante sinais anómalos que a avaliação duma superfície
revela. Este acto competente é designado por interpretação dos resultados dos
END.
Assim
os executantes de END devem ser possuidores de formação específica em cada método
que são capazes de realizar e de um considerável número de horas de experiência,
bem como detentores de um determinado nível a que corresponde maior competência,
quer do ponto de vista de execução como de interpretação das revelações
produzidas.
Cada
departamento de END deve incluir, para além dos executantes (que apenas
executam os END, numa grande parte dos casos) também um especialista de nível
de competência máxima, que realize a interpretação e formule uma decisão
definitiva sobre o carácter de uma anomalia detectada ou emita um parecer
fundamentado que permita a um Gabinete de Engenharia tomar uma decisão técnica
apoiada nesse parecer.
A
procura e detecção de defeitos pressupõe a prévia limpeza das superfícies a
avaliar de modo a remover tudo quanto possa influenciar a análise e avaliação
dos mesmos. O método de limpeza deve ser capaz de remover as camadas de óxidos,
as gorduras, os óleos e massas lubrificantes, as sujidades, etc..
No
decurso das acções de manutenção estão homologados (também usado o termo
"certificados") END comprovadamente eficazes, de fácil aplicação e
de baixo custo, quer de investimento quer de exploração. A selecção e
utilização de END nas acções de manutenção implica uma enorme
flexibilidade e uma projecção dos meios usados, tão grande quanto possível,
aliada à simplicidade dos equipamentos intervenientes. Existem equipamentos de
END concebidos para utilização em unidades fixas de grande produção, assim
como existem outros de concepção portátil para poderem ser transportados e
usados na linha da frente (termo muito utilizado para designar todo o tipo de acções
de manutenção junto ao local onde normalmente as aeronaves parqueiam ou
estacionam em infra-estruturas aeroportuárias).
Os
defeitos mais frequentes que se encontram nos componentes são: os desgastes que
provocam a diminuição de espessuras e dimensões críticas das peças e que são
originados quer pela fricção entre componentes quer pela erosão e pela corrosão
generalizada ou localizada; as fissuras, que se desenvolvem perante os
continuados esforços a que os componentes estão sujeitos, muitas delas
resultantes de microdefeitos de fundição das ligas constituintes dos
componentes, outras originadas pelo fenómeno de fadiga; as identações,
provocadas pela corrosão localizada e que se revelam como microcavidades nas
superfícies (quando o número destas microcavidades é elevado e a sua orientação
é preferencial ao longo duma linha, o conjunto destas microcavidades poderá
originar uma fissura); a desagregação de material; as ovalizações, os
descentramentos e os desalinhamentos (principalmente em peças de revolução,
tipo "carteres", mangas, espaçadores, veios, etc.); os empenos
(caracterizados pela falta de paralelismo entre pontos homólogos da peça e
falta de planeza de superfícies de referência); as obstruções em microcanais
de lubrificação (existentes em "carteres" e suportes de rolamentos),
os alongamentos ou deformações devido ao fenómeno de fluência (comuns,
sobretudo, nas pás das rodas de compressores e turbinas, devido à enorme força
centrífuga que se exerce sobre estes componentes, quando em funcionamento e
agravado no caso das turbinas pelo elevado aquecimento a que se submetem) e
outros de menor relevância.
A
maior parte dos defeitos encontram-se nas superfícies dos componentes, no
entanto, é necessário verificar se nas zonas adjacentes subsuperficiais
existem defeitos que poderão evoluir até à superfície e, nessas condições,
poderem conduzir à rotura e falência dum componente. Normalmente, o tipo de
defeitos subsuperficiais é do tipo fissuração interna (microfissuras
geralmente provenientes de defeitos de solidificação das ligas no acto da sua
fabricação ou causadas por um processo de corrosão interno favorecido pelo
aumento de temperatura ou exposição a um agente químico que em função da
temperatura penetra por difusão nas ligas até uma certa profundidade susceptível
de causar a corrosão) ou de fissuras existentes em superfícies inacessíveis
(como por exemplo em microcanais de lubrificação existentes em
"carteres").
Segue-se uma lista dos END mais utilizados em manutenção de motores aeronáuticos.