eaglesgate.com Manutenção de Motores Aeronáuticos |
|
O único site em português especializado em manutenção de motores aeronáuticos. Na www desde 1 de Dezembro de 1999 |
Especializações na Manutenção de Motores Dinâmica dos Mercados Aeronáuticos Classificação e Tipos de Motores Política de Manutenção de Motores Nível de Intervenção em Motores Contratos-Seguro tipo "Power by the Hour" Fabricantes de Motores Aeronáuticos Fabricantes de Componentes Aeronáuticos Equipamentos Auxiliares de Manutenção Reparadores de Motores Aeronáuticos Revistas e Publicações Aeronáuticas Evolução Histórica dos Motores |
||||||||
Artigo extraído da Revista da DIRENG – Directoria de Engenharia da Aeronáutica, Ano 11, Nº 20, Novembro de 2001, páginas 30 a 33. Atividades da Comissão Aeronáutica Brasileira em São Paulo por: Darcy Pereira Leite Sumário As actividades de nacionalização e a aquisição de
material aeroespacial no mercado interno são atitudes pioneiras da comissão. Houve uma época em que a Força Aérea possuía um
complexo industrial considerado muito melhor do que o da indústria
brasileira. Essa conjuntura foi decorrente do intenso investimento feito
pelo Ministério da Aeronáutica, na década de quarenta, quando, com a
colaboração da Base Aérea norte-americana de Wright Patterson, foi
especificado um projecto industrial dimensionado para apoiar a manutenção
anual de até oitocentos aviões da categoria do bombardeiro médio B-25
MITCHELL. O local escolhido para acolher toda essa estrutura foi o
Campo de Marte, onde se encontrava o Parque Aeronáutico de São Paulo
(hoje Parque de Material Aeronáutico de São Paulo - PAMASP), organização
do Sistema de Material da Aeronáutica que tem por missão prover a
manutenção mais aprofundada das aeronaves da Força Aérea. Após a
conclusão do projecto, o PAMASP tornou-se, na época, o maior complexo
industrial da América Latina. Como o potencial industrial instalado no PAMASP excedia as
necessidades do, então, Ministério da Aeronáutica, um grupo de
militares e servidores civis empreendedores vislumbraram a possibilidade
de prestar serviços à indústria brasileira. Em consequência, foi criada a Secção Comercial do
PAMASP, respaldada no Decreto 30.668 de 25 de Março de 1953. Com o início da expansão industrial brasileira nos idos
dos anos sessenta, a actividade da Secção Comercial do PAMASP prosperou
significativamente, registando, naquela época, inúmeros trabalhos
executados para empresas nacionais que foram embrião do actual complexo
industrial nacional. Todas essas actividades estavam respaldadas no bem treinado
efectivo de servidores civis e militares, verdadeiros artífices. Nessa faina, foi iniciada também a fabricação de peças
para uso aeronáutico, a fim de se obter presteza no atendimento da
necessidade de ressuprimento de material importado, economia de recursos
e independência tecnológica. Na década de setenta, a
dificuldade de obtenção de material aeronáutico norte-americano
aumentou devido à conjuntura internacional. A solução encontrada, na época,
para o problema foi a nacionalização de material aeronáutico, que, até
então, era um aproveitamento da capacidade industrial instalada, passou a
ser uma necessidade essencial para apoio à Força Aérea Brasileira, pois
a maior parte das nossas aeronaves era de procedência norte-americana. A nacionalização de material
aeronáutico cresceu rapidamente, devido a sua importância estratégica.
A nova dimensão da actividade do PAMASP começou a "distrair" a
organização incubadora da sua missão original. Sentiu-se, portanto, a
necessidade de que a actividade de nacionalização tivesse a sua própria
identidade. Em consequência, o sector do PAMASP que fabricava peças para
o emprego aeronáutico foi "terceirizado" em Julho de 1977,
passando a ocupar as actuais instalações, com o nome de "Comissão
de Nacionalização de Material". Na visão dos pioneiros, a
nacionalização e a aquisição navegavam na mesma esteira, por isso, no
dia 10 de Maio de 1982, foi criada a Comissão Aeronáutica Brasileira em
São Paulo, concentrando na mesma Organização as actividades de
nacionalização e de aquisição de material aeronáutico, situação
mantida até a presente data. É importante salientar que
nacionalização não é a simples substituição de um produto
estrangeiro por um similar encontrado no mercado nacional. Nacionalização
é um processo dinâmico que visa ao ressuprimento de material, envolvendo
fases distintas, como:
Dependendo do envolvimento do
item na segurança de voo, nesse processo são feitos ensaios para a
convalidação ou homologação do produto nacionalizado. Todo o processo de nacionalização
encontra-se detalhado no Manual de Nacionalização (MMA 67-3) da
Directoria de Material da Aeronáutica. Hoje,.após a Aeronáutica ter cooperado por décadas com
o desenvolvimento da indústria nacional, evidencia-se, em muitos casos,
uma inversão nessa cooperação, notadamente quando a Comissão Aeronáutica
Brasileira em São Paulo (CABSP) busca o apoio da indústria para a
fabricação de componentes que atendam às rigorosas normas aeronáuticas. Pelo actual regulamento, é atribuída
à CABSP a aquisição de material aeroespacial no mercado interno e a
nacionalização desse material necessário à operação e à manutenção
de aeronaves, de engenhos aeroespaciais e seus equipamentos de apoio. Embora as actividades acima
se aparentem distintas, pertencem, na verdade, ao mesmo processo, ou seja, o
atendimento de uma necessidade de ressuprimento através da compra no
mercado nacional ou através da engenharia inversa, fabricando-se
no Brasil uma cópia do modelo original estrangeiro. Percebe-se que,
enquanto na aquisição há a simples troca de moeda, na nacionalização
há também a troca de conhecimento, agregando valor e independência
tecnológica nesse processo. Considerando-se que os clientes,
dos serviços prestados pela CABSP nem sempre conhecem a multiplicidade de
formas de se atender às suas necessidades no campo do ressuprimento de
material, pode-se dizer que o melhor enunciado para a missão da Comissão
é: "Buscar soluções para o
provimento de bens necessários para o preparo e emprego da Força Aérea
Brasileira". Desde sua criação, a CABSP
acumulou um considerável acervo de produtos nacionalizados, totalizando
mais de dez mil itens. O número de peças produzidas e fornecidas para uso
supera a marca de quatro milhões distribuídas em trinta e quatro mil
lotes. Normalmente são prioritizados
para a nacionalização os itens de utilização geral que, em princípio,
não requerem investimentos elevados para a fabricação e têm consumo
considerável, tais como: anéis e buchas; elementos filtrantes; escovas
de gerador; gaxetas e juntas; itens eléctricos como resístores, contactos,
lâmpadas, capacitores, relés, transístores; molas e engrenagens;
parafusos, porcas, arruelas e pinos; pastilhas de freio, peças de plásticos,
acrílico e vidro; itens de apoio à aviação como estropos, garfos de
reboque, calços e outros que são essenciais para o funcionamento da
manutenção e pesam no processo de importação. Além da produção dos itens que fazem parte do dia-a-dia da CABSP, há outros considerados estratégicos, em face das dificuldades de serem encontrados, decorrentes da descontinuidade da produção no exterior. Destacam-se, nesse contexto:
Componentes como esses, só
puderam ser confeccionados graças ao empenho da equipe da CABSP,
promovendo a parceria entre a indústria nacional, os Parques de Material
de Aeronáutica e o Centro Técnico Aeroespacial. Todo o potencial da CABSP está respaldado na capacitação
de seus recursos humanos, fruto de anos de investimento em cursos e
pesquisas, elaboração de projectos multidiversificados e controlo de qualidade de imensa gama de produtos. O relacionamento diário com as empresas permitiu a formação
de um cadastro, contendo a capacidade instalada das indústrias
brasileiras para a fabricação de produtos de interesse da Aeronáutica. A Secção de Projectos da CABSP
é formada por profissionais com vasta experiência na elaboração de
projectos através do processo de engenharia inversa. Para tanto, o sector
está equipado com uma moderna rede de computadores e utiliza-se da última
versão do aplicativo Autocad para desenhar as peças e do
aplicativo Solidwork para a simulação em projectos que possuem peças
articuláveís. Para os trabalhos desse sector,
houve a necessidade de se obter um amplo acervo de normas técnicas,
destacando-se as NAS - Aeroespace Industries Association of America; MS
- Military Standards; ASME - American Society of Mechanical Engineers;
ASTM - American Society for Testing Materials; ASQC - American Society for
Quality Control; SAE - Society of Automotive Engineers; e BSI -
British Standards Instituition. Aliado a esse precioso património,
investiu-se, durante décadas, em equipamentos para o Laboratório de
Controlo de Qualidade devidamente especificado para atender às rigorosas
normas aeronáuticas. A actividade de nacionalização
de material aeronáutico retorna para a própria Força Aérea, para o
Parque Industrial, para a sociedade e para a nação brasileira,
dividendos nitidamente percebidos em tempos de paz, gerando trabalho no
mercado nacional e capacitando a indústria brasileira para a operação,
com a tecnologia de ponta. "Em circunstâncias
contenciosas, quando as portas de conveniências entre países fecharem-se
para o Brasil, os dividendos da nacionalização serão percebidos através
da sensação de segurança proporcionada à sociedade, cliente final das
Forças Armadas, através da garantia da soberania na defesa nacional
decorrente da independência tecnológica". Todo o contexto apresentado
sinaliza que o rumo a ser seguido é na direcção de: "Consolidar a CABSP como uma
organização imprescindível para o Comando da Aeronáutica, pela excelência
na solução de problemas voltados ao provimento de bens para o preparo e
o emprego da Força Aérea". O Autor: Darcy Pereira
Leite - Tenente Coronel Aviador, Presidente da Comissão
Brasileira Aeronáutica em São Paulo (CABSP). Artigo extraído da Revista da DIRENG – Directoria de Engenharia da Aeronáutica, Ano 11, Nº 20, Novembro de 2001, páginas 30 a 33. |