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Artigo extraído da Revista da DIRENG – Directoria de Engenharia da Aeronáutica, Ano 11, Nº 20, Novembro de 2001, páginas 30 a 33.

Atividades da Comissão Aeronáutica Brasileira em São Paulo

por:  Darcy Pereira Leite

Sumário

HISTÓRICO

MISSÃO

REALIZAÇÕES

POTENCIAL

FUTURO

As actividades de nacionalização e a aquisição de material aeroespacial no mercado interno são atitudes pioneiras da comissão.

HISTÓRICO

Houve uma época em que a Força Aérea possuía um complexo industrial considerado muito melhor do que o da indústria brasileira. Essa conjuntura foi decorrente do intenso investimento feito pelo Ministério da Aeronáutica, na década de quarenta, quando, com a colaboração da Base Aérea norte-americana de Wright Patterson, foi especificado um projecto industrial dimensionado para apoiar a manutenção anual de até oitocentos aviões da categoria do bombardeiro médio B-25 MITCHELL.

O local escolhido para acolher toda essa estrutura foi o Campo de Marte, onde se encontrava o Parque Aeronáutico de São Paulo (hoje Parque de Material Aeronáutico de São Paulo - PAMASP), organização do Sistema de Material da Aeronáutica que tem por missão prover a manutenção mais aprofundada das aeronaves da Força Aérea. Após a conclusão do projecto, o PAMASP tornou-se, na época, o maior complexo industrial da América Latina.

Como o potencial industrial instalado no PAMASP excedia as necessidades do, então, Ministério da Aeronáutica, um grupo de militares e servidores civis empreendedores vislumbraram a possibilidade de prestar serviços à indústria brasileira.

Em consequência, foi criada a Secção Comercial do PAMASP, respaldada no Decreto 30.668 de 25 de Março de 1953.

Com o início da expansão industrial brasileira nos idos dos anos sessenta, a actividade da Secção Comercial do PAMASP prosperou significativamente, registando, naquela época, inúmeros trabalhos executados para empresas nacionais que foram embrião do actual complexo industrial nacional.

Todas essas actividades estavam respaldadas no bem treinado efectivo de servidores civis e militares, verdadeiros artífices.

Nessa faina, foi iniciada também a fabricação de peças para uso aeronáutico, a fim de se obter presteza no atendimento da necessidade de ressuprimento de material importado, economia de recursos e independência tecnológica.

Na década de setenta, a dificuldade de obtenção de material aeronáutico norte-americano aumentou devido à conjuntura internacional. A solução encontrada, na época, para o problema foi a nacionalização de material aeronáutico, que, até então, era um aproveitamento da capacidade industrial instalada, passou a ser uma necessidade essencial para apoio à Força Aérea Brasileira, pois a maior parte das nossas aeronaves era de procedência norte-americana.

A nacionalização de material aeronáutico cresceu rapidamente, devido a sua importância estratégica. A nova dimensão da actividade do PAMASP começou a "distrair" a organização incubadora da sua missão original.

Sentiu-se, portanto, a necessidade de que a actividade de nacionalização tivesse a sua própria identidade. Em consequência, o sector do PAMASP que fabricava peças para o emprego aeronáutico foi "terceirizado" em Julho de 1977, passando a ocupar as actuais instalações, com o nome de "Comissão de Nacionalização de Material".

Na visão dos pioneiros, a nacionalização e a aquisição navegavam na mesma esteira, por isso, no dia 10 de Maio de 1982, foi criada a Comissão Aeronáutica Brasileira em São Paulo, concentrando na mesma Organização as actividades de nacionalização e de aquisição de material aeronáutico, situação mantida até a presente data.

É importante salientar que nacionalização não é a simples substituição de um produto estrangeiro por um similar encontrado no mercado nacional. Nacionalização é um processo dinâmico que visa ao ressuprimento de material, envolvendo fases distintas, como:

  • o estudo preliminar da necessidade, da viabilidade técnica, económica e legal da fabricação, no Brasil, de um produto similar ao importado;

  • a pesquisa da forma e da composição do modelo original e elaboração de um projecto;

  • a identificação e selecção de uma Organização da Aeronáutica ou empresa qualificada a executar o projecto;

  • a fabricação do item de acordo com os requisitos estabelecidos;

  • a inspecção da qualidade do item fabricado, executada por uma equipe treinada e qualificada nas actividades de Controlo de Qualidade;

  • a aprovação e implantação do item no Sistema de Suprimento da Aeronáutica; e

  • o acompanhamento do comportamento do item durante o seu ciclo de vida.

Dependendo do envolvimento do item na segurança de voo, nesse processo são feitos ensaios para a convalidação ou homologação do produto nacionalizado. Todo o processo de nacionalização encontra-se detalhado no Manual de Nacionalização (MMA 67-3) da Directoria de Material da Aeronáutica.

Hoje,.após a Aeronáutica ter cooperado por décadas com o desenvolvimento da indústria nacional, evidencia-se, em muitos casos, uma inversão nessa cooperação, notadamente quando a Comissão Aeronáutica Brasileira em São Paulo (CABSP) busca o apoio da indústria para a fabricação de componentes que atendam às rigorosas normas aeronáuticas.

MISSÃO

Pelo actual regulamento, é atribuída à CABSP a aquisição de material aeroespacial no mercado interno e a nacionalização desse material necessário à operação e à manutenção de aeronaves, de engenhos aeroespaciais e seus equipamentos de apoio.

Embora as actividades acima se aparentem distintas, pertencem, na verdade, ao mesmo processo, ou seja, o atendimento de uma necessidade de ressuprimento através da compra no mercado nacional ou através da engenharia inversa, fabricando-se no Brasil uma cópia do modelo original estrangeiro. Percebe-se que, enquanto na aquisição há a simples troca de moeda, na nacionalização há também a troca de conhecimento, agregando valor e independência tecnológica nesse processo.

Considerando-se que os clientes, dos serviços prestados pela CABSP nem sempre conhecem a multiplicidade de formas de se atender às suas necessidades no campo do ressuprimento de material, pode-se dizer que o melhor enunciado para a missão da Comissão é:

"Buscar soluções para o provimento de bens necessários para o preparo e emprego da Força Aérea Brasileira".

REALIZAÇÕES

Desde sua criação, a CABSP acumulou um considerável acervo de produtos nacionalizados, totalizando mais de dez mil itens. O número de peças produzidas e fornecidas para uso supera a marca de quatro milhões distribuídas em trinta e quatro mil lotes.

Normalmente são prioritizados para a nacionalização os itens de utilização geral que, em princípio, não requerem investimentos elevados para a fabricação e têm consumo considerável, tais como: anéis e buchas; elementos filtrantes; escovas de gerador; gaxetas e juntas; itens eléctricos como resístores, contactos, lâmpadas, capacitores, relés, transístores; molas e engrenagens; parafusos, porcas, arruelas e pinos; pastilhas de freio, peças de plásticos, acrílico e vidro; itens de apoio à aviação como estropos, garfos de reboque, calços e outros que são essenciais para o funcionamento da manutenção e pesam no processo de importação.

Além da produção dos itens que fazem parte do dia-a-dia da CABSP, há outros considerados estratégicos, em face das dificuldades de serem encontrados, decorrentes da descontinuidade da produção no exterior. Destacam-se, nesse contexto:

  • Rodas do C-115 "Buffalo", aeronave imprescindível para a exploração e o desenvolvimento da Amazónia cujo fabricante não mais existe;

  • Tubo de exaustão e braçadeira de fixação ao conjunto motopropulsor da turbina Rolls-Royce que equipa a aeronave AT-26 Xavante.

Componentes como esses, só puderam ser confeccionados graças ao empenho da equipe da CABSP, promovendo a parceria entre a indústria nacional, os Parques de Material de Aeronáutica e o Centro Técnico Aeroespacial.

POTENCIAL

Todo o potencial da CABSP está respaldado na capacitação de seus recursos humanos, fruto de anos de investimento em cursos e pesquisas, elaboração de projectos multidiversificados e controlo de qualidade de imensa gama de produtos.

O relacionamento diário com as empresas permitiu a formação de um cadastro, contendo a capacidade instalada das indústrias brasileiras para a fabricação de produtos de interesse da Aeronáutica.

A Secção de Projectos da CABSP é formada por profissionais com vasta experiência na elaboração de projectos através do processo de engenharia inversa. Para tanto, o sector está equipado com uma moderna rede de computadores e utiliza-se da última versão do aplicativo Autocad para desenhar as peças e do aplicativo Solidwork para a simulação em projectos que possuem peças articuláveís.

Para os trabalhos desse sector, houve a necessidade de se obter um amplo acervo de normas técnicas, destacando-se as NAS - Aeroespace Industries Association of America; MS - Military Standards; ASME - American Society of Mechanical Engineers; ASTM - American Society for Testing Materials; ASQC - American Society for Quality Control; SAE - Society of Automotive Engineers; e BSI - British Standards Instituition.

Aliado a esse precioso património, investiu-se, durante décadas, em equipamentos para o Laboratório de Controlo de Qualidade devidamente especificado para atender às rigorosas normas aeronáuticas.

FUTURO

A actividade de nacionalização de material aeronáutico retorna para a própria Força Aérea, para o Parque Industrial, para a sociedade e para a nação brasileira, dividendos nitidamente percebidos em tempos de paz, gerando trabalho no mercado nacional e capacitando a indústria brasileira para a operação, com a tecnologia de ponta.

"Em circunstâncias contenciosas, quando as portas de conveniências entre países fecharem-se para o Brasil, os dividendos da nacionalização serão percebidos através da sensação de segurança proporcionada à sociedade, cliente final das Forças Armadas, através da garantia da soberania na defesa nacional decorrente da independência tecnológica".

Todo o contexto apresentado sinaliza que o rumo a ser seguido é na direcção de:

"Consolidar a CABSP como uma organização imprescindível para o Comando da Aeronáutica, pela excelência na solução de problemas voltados ao provimento de bens para o preparo e o emprego da Força Aérea".

O Autor:

Darcy Pereira Leite - Tenente Coronel Aviador, Presidente da Comissão Brasileira Aeronáutica em São Paulo (CABSP).

Artigo extraído da Revista da DIRENG – Directoria de Engenharia da Aeronáutica, Ano 11, Nº 20, Novembro de 2001, páginas 30 a 33.

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