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Extracto do Livro Branco da Defesa Nacional de Maio de 2001 A Modernização da Base Tecnológica e da Indústria de Defesa O
interesse estratégico da Indústria de Defesa A existência
de Forças Armadas é considerada como um dos elementos intrínsecos do
conceito de soberania. Ligada à existência das Forças Armadas surgiu a
necessidade de assegurar o fornecimento das armas e outro material necessários
para fazer a guerra, sem dependência de outros, o que conduziu à criação
de capacidades de fabrico próprias. Portugal não
escapou a este quadro e no seu longo percurso histórico sempre procurou
dispor do grau de autonomia possível no seu aprovisionamento militar,
como ficou bem patente no período em que as nossas Forças Armadas
estiveram envolvidas em operações em África. Após a Revolução de 25
de Abril de 1974, com o fim do empenhamento militar, ocorreu uma drástica
redução de efectivos e dos orçamentos das Forças Armadas, o que se
reflectiu naturalmente na progressiva degradação do aparelho produtivo,
isto é, das fábricas, oficinas, estabelecimentos e dos arsenais, bem
como das empresas civis, que proviam e mantinham o armamento e mais
material para as Forças Armadas. No quadro
internacional, as alterações verificadas na conjuntura político-estratégica
desde o fim da "guerra fria", com a redução dos dispositivos
militares e a contracção dos programas de armamento e dos orçamentos
respectivos, veio também introduzir modificações significativas e
originar uma nova dinâmica no quadro envolvente das indústrias com
aplicação na defesa. A
reestruturação que daí resultou, envolvendo a consolidação e
privatização dessas indústrias, associada a um processo tendente à sua
globalização e à adopção de uma filosofia mais orientada para o
mercado, veio criar uma conjuntura particularmente delicada para os países
com menor dimensão e indústrias com aplicação na defesa menos
desenvolvidas, tornando mais imperativa a dinamização e integração
dessas indústrias no quadro internacional. Actualmente,
a situação das empresas nacionais ligadas à produção de material de
guerra caracteriza-se pela sua baixa produtividade, desajustamento entre o
perfil da procura e o da oferta, produtos desactualizados e linhas de
produção obsoletas, com grandes dificuldades em competir nos mercados
internacionais quer por força daqueles factores quer por falta de um
"marketing" eficiente, e com escassas ligações ao sector
privado. Por outro
lado, importa ter em conta o carácter estratégico da indústria de
defesa, na medida em que assegura, no mínimo, as funções que caberiam
aos tradicionais "arsenais" no campo da manutenção e reparação
do material militar, mas também pelo valor tecnológico acrescentado que
caracteriza os seus produtos, porque algumas tecnologias relacionadas com
a defesa podem também ter aplicações civis, e, fundamentalmente, porque
a existência de uma indústria de defesa nacional eficazmente inserida
nas "redes de interdependências" e "cadeias de valor
acrescentado" que irão materializar o "mercado europeu de
armamentos", em construção, poderá representar a melhor garantia
para a "segurança de abastecimento" indispensável às Forças
Armadas e à defesa dos interesses nacionais. Neste
contexto, tem sido manifesta a preocupação expressa em sucessivos
Programas de Governo de manter a indústria de defesa nacional,
evidenciando claramente, em ligação com o reequipamento das Forças
Armadas, a prioridade que deverá merecer a racionalização e viabilização
económica daquele sector da indústria. A expressão
concreta destas orientações políticas materializou-se com a alteração
dos estatutos jurídicos de parte das fábricas, oficinas e
estabelecimentos fabris das Forças Armadas e sua transformação em
empresas públicas e com a criação da SGPS EMPORDEF, "holding"
das participações sociais detidas pelo Estado nas empresas ligadas à
defesa, constituída como centro de decisão estratégica da indústria de
defesa e gestora das empresas participadas em termos de
"racionalidade empresarial", no respeito pelas orientações
estratégicas aprovadas pela tutela. Em consonância
com estas orientações, a Lei-quadro das Leis de Programação Militar
refere que o investimento a fazer nos programas de reequipamento das FA
deve contribuir igualmente para a modernização e melhoria da base tecnológica
da indústria de defesa, sublinhando a conveniência de estabelecer
contratos-programa envolvendo as Forças Armadas, as empresas e as
universidades. Mais
recentemente, o Despacho-Conjunto dos Ministro da Defesa e Ministro da
Economia relativo às "contrapartidas", enfatiza a crescente
interdependência entre as indústrias ligadas à defesa e os restantes
sectores da indústria nacional, e assinala as possibilidades que o
processo de reequipamento das Forças Armadas abre à valorização da indústria
nacional, em termos de transformação da despesa a efectuar naquele
processo em investimento produtivo, através do judicioso aproveitamento
do mecanismo das contrapartidas. Pese embora
o empenhamento dos interessados e responsáveis pela aplicação destas
orientações, por força de uma ainda incipiente harmonização de políticas
e de procedimentos dos departamentos envolvidos no processo, o facto é
que ainda é reduzida a gama de produtos necessários às Forças Armadas
a que a nossa indústria pode aceder, e naqueles em que ela detém essa
capacidade, significativa parcela do mercado interno potencial (as forças
de segurança e policiais) ainda não dispõe de condições que lhe
permitam constituir um segmento fiável desse mercado. A
melhoria da base tecnológica. A Investigação e Desenvolvimento (ID) Antes de
avançar nesta problemática da reestruturação da indústria de defesa
em ligação com o reequipamento das FA, e porque se trata de elemento
fulcral situado a montante, convém sublinhar a importância de que se
revestem as actividades científicas e tecnológicas, ligadas umas à
inovação e outras à aplicação de competências, integradas no quadro
da "Investigação e Desenvolvimento" (ID) e orientadas para
"objectivos de armamento" específicos. Esta
actividade de ID, assegurada essencialmente pela investigação aplicada e
pelo desenvolvimento experimental, mesmo que norteada primariamente pelas
necessidades e por requisitos de base especificamente militar, para além
de reforçar a autonomia nacional em matéria de defesa, contribui
simultaneamente para o progresso do conhecimento científico e da
capacidade tecnológica e da indústria, em geral, e assim, para o
desenvolvimento nacional. Neste
sentido, o esforço nas actividades de ID deve ser desenvolvido de forma
articulada entre o MDN e os ramos das FA, em parceria com as empresas,
institutos, laboratórios e universidades, em projectos de âmbito
nacional ou em cooperação internacional. No âmbito
do MDN, tem sido manifesta a preocupação de promover as actividades de
ID, como se depreende das significativas verbas cometidas aos projectos
desta área, na sua grande maioria conduzidos em colaboração entre os
ramos das FA e as empresas, institutos e laboratórios civis, como se
reflecte nos seguintes elementos: ·
Até final de 1988
o MDN apoiou cerca de oitenta projectos nacionais e vinte internacionais,
desenvolvidos pelas FA em colaboração com empresas e organismos científicos
e de investigação nacionais e internacionais. ·
De 1988 a 1997
foram aplicados em ID cerca de 3,38 milhões de contos. A 2ª LPM
contemplava (1993-97) o sector da ID com 2,5 milhões de contos. ·
A LPM 1998-2003
consagra 2,86 milhões de contos para actividades de ID, cobrindo cerca de
duas dezenas de projectos nacionais e uma dezena de projectos cooperativos
internacionais. Dos
resultados práticos mais significativos desta actividade, nomeadamente
pelas suas aplicações industriais e contributo para a economia nacional,
relevam-se: ·
Aplicações da
micro-electrónica na construção de circuitos HF. Estes projectos deram
origem à produção pela EID dos emissores-receptores VRC 301, em utilização
pelo Exército. ·
Desenvolvimento do
sistema telegráfico automático de retransmissão STAR, o qual esteve na
base dos sistemas integrados de comunicações instalados nos navios da
nossa Marinha de Guerra e colocou a EID, empresa fabricante, na posição
de fornecedor internacional reconhecido daqueles sistemas e seus
desenvolvimentos para outras Marinhas. ·
Desenvolvimento de
uma rede nodal de comunicações que originou o fabrico nacional de
centrais digitais aplicadas em várias unidades, estabelecimentos e órgãos
militares. ·
Desenvolvimento de
um emissor-receptor VHF/UHF (M3TR/GRC 525) de última geração que irá
equipar o Exército com um sistema de comunicações táctico adequado ao
moderno campo de batalha. ·
Desenvolvimentos
no sector da detónica de aplicações passíveis de
"duplo-uso". ·
Desenvolvimentos
de sistemas de simulação avançados para aplicação no treino
operacional de comandos e forças conjuntas (SIMOPMIL) e na gestão de
situações de crise. Para
racionalização do esforço a despender e para rendibilização dos
recursos, sempre escassos, passíveis de ser cometidos a estas
actividades, tendo em conta a importância das aplicações de
"duplo-uso", a perspectiva das tecnologias emergentes e, também,
a conveniência da concertação com as actividades similares dos países
nossos aliados, foram definidas pelo MDN as seguintes áreas científicas
prioritárias: electrónica e telecomunicações, micro-electrónica,
optoelectrónica, novos materiais e estruturas, sistemas de aviso e detecção
LASER e infravermelhos, detónica, saúde, simulação para fins de
defesa, tecnologia aeroespacial e satélites, tecnologias de informação
e comunicação. Todavia, não
basta este assinalável esforço para corresponder à finalidade desejada,
impondo-se uma maior coordenação entre as actividades patrocinadas pelo
MDN e as tuteladas por outros departamentos do Estado, sem o que se corre
o risco de nem sequer se colherem os frutos do investimento realizado na
área da defesa, em proveito dos domínios não militares. A
reestruturação da Indústria de Defesa Em concertação
com o empenhamento nas actividades de ID, (o que obriga a uma ainda maior
coordenação entre as FA, os institutos e laboratórios e as empresas),
deverá ser prosseguido o esforço de reestruturação do sector da indústria
ligada à defesa, de acordo com as orientações gerais estabelecidas pelo
Governo: ·
Concentração
progressiva das actividades e recursos redundantes em empresas específicas
e criação de operadores especializados nas áreas de negócios com
viabilidade, visando o aumento da produtividade para níveis competitivos. ·
Definição de
"nichos tecnológicos" ou "áreas de excelência” e criação
de empresas para desenvolver as actividades que apresentam viabilidade e
capacidade para competir no mercado. ·
Selecção de
parceiros estratégicos e definição dos modelos adequados de transferência
de tecnologia. ·
Internacionalização. ·
Privatização das
empresas que não se dediquem ao fabrico de armamento. ·
Apoio ao
desenvolvimento de tecnologias, sistemas de armas e equipamentos para
utilização das Forças Armadas, através da participação do sistema
científico e tecnológico e das empresas nacionais, numa perspectiva de
desenvolvimento nacional integrado. ·
Estudo prévio da
viabilidade de participação, no plano científico e tecnológico, das
indústrias nacionais, nos futuros sistemas de armas a obter, antes da
tomada de decisão quanto à sua programação, com o propósito de
contribuir para a modernização e melhoria da base tecnológica e da
infra-estrutura industrial. Concretizando
estas orientações, foram estabelecidos os seguintes objectivos estratégicos
para as empresas tuteladas pela EMPORDEF: ·
Inserção das
empresas em cadeias de valor acrescentado internacional, nomeadamente,
ainda que não exclusivamente, em ligação com as escolhas tecnológicas
de longo prazo para o reequipamento das Forças Armadas. Entre as vias
possíveis destacam-se: §
Exploração de
nichos de mercado através, em geral, de produtos desenvolvidos em ligação
com a LPM; §
Participação,
desde a fase de concepção, em projectos internacionais da área da
defesa, quer como sub-contratante, quer como construtor de subsistemas,
quer em co-produção, quer como accionista; §
Entrada de
accionistas estrangeiros, detentores de "know-how" e/ou de
mercados, no capital de empresas portuguesas existentes ou a criar por
autonomização de áreas de negócios; ·
Inserção das
actividades de defesa nas áreas de interesse estratégico de grupos
empresariais portugueses. Entre as vias a explorar, destacam-se: §
Novas empresas
explorando tecnologias de "duplo-uso"; §
Parcerias visando
o desenvolvimento de áreas de actividades já existentes, em ligação
com os programas incluídos na LPM ou com as opções das forças de
segurança; §
Parcerias com
vista a inserir as empresas existentes (ou a criar) em cadeias de valor
acrescentado nacionais ou internacionais em áreas exclusivamente civis; §
Reestruturação
empresarial (principalmente accionista) de actividades existentes; §
Equilíbrio económico
e financeiro das empresas com remuneração dos capitais investidos. O
reequipamento das FA e a reestruturação da Indústria de Defesa Foi já
anteriormente devidamente sublinhada a importância de que se reveste para
uma efectiva ligação e coordenação entre os processos de reequipamento
das forças armadas e os de melhoria da base tecnológica e da indústria
de defesa o conhecimento oportuno das necessidades das forças armadas,
nomeadamente, com uma visão de longo prazo que lhe permita estudar a
possibilidade e conveniência de participar nos correspondentes projectos
de investigação e desenvolvimento e posterior fabrico daqueles produtos. A via para
alcançar este objectivo essencial está já estabelecida com a inclusão
expressa no processo de desenvolvimento do "Ciclo Bienal de
Planeamento de Forças" das Forças Armadas da perspectiva do
"longo prazo", traduzida na definição concreta dos
"objectivos de armamento" (entendidos como os sistemas de armas
e equipamentos necessários às Forças Armadas para dispor das
capacidades militares necessárias para cumprir as missões atribuídas). O passo
seguinte consistirá na ultrapassagem do actual ciclo do primado da mera
supressão de vulnerabilidades e carências prementes, para começar a
prospectivar no longo prazo as capacidades e os correspondentes sistemas
de armas e equipamentos, indispensáveis às FA e deste modo alcançar a
plena realização dos objectivos de: ·
Propiciar ao
sistema de ID e à indústria nacional a avaliação das suas
possibilidades e vantagens de participar no processo, seja desde a fase
inicial de concepção e desenvolvimento do projecto, seja na produção
ou apenas no concurso de aquisição; ·
Permitir aos órgãos
de estudo e decisão competentes equacionar atempadamente as várias opções
alternativas para a obtenção do material, desde a simples aquisição no
mercado ("off the shelf"), à produção nacional, autónoma ou
em parceria internacional, neste último caso ainda, em projecto
cooperativo com países aliados ou não; ·
Facilitar a avaliação
global e a programação financeira dos encargos. Será através
da concretização destas medidas de política que se irá cumprir o
desiderato de explorar as possibilidades abertas pelo processo de
reequipamento das Forças Armadas, em termos de transformação da despesa
a executar nestes domínios, em investimento que contribua para a
modernização e melhoria da base tecnológica e da indústria com aplicação
na defesa, reforçando a dinâmica de integração das empresas nacionais
nas cadeias de valor acrescentado da indústria de defesa europeia. Em todo
este processo de dinamização da indústria, não pode, no entanto,
deixar de ser sublinhado que competirá sempre a esta decidir a melhor
forma de se adaptar ao quadro antes esboçado e de se reestruturar,
cabendo ao Governo, accionar as medidas estruturantes antes definidas,
criar incentivos e apoiar o desenvolvimento do processo. |